quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Entre Mundos



No dia da sua despedida, os que ficaram para trás disseram que ainda o veriam voltar. Seu coração pertencia ao lugar onde o chão era um tapete de estrelas, embora sua teiomosia insistisse em sussurrar o contrário em seus ouvidos.


Ele partiu com a alma ansiosa e os pés apressados. Seu espírito aventureiro desejava pertencer ao lugar onde o céu era forrado de estrelas e ele percorreu o caminho até lá sem olhar para trás. Andou por vales verdejantes, nadou em rios cristalinos, escalou montanhas frondosas, experimentou os frutos mais saborosos e conheceu almas que lhe despertaram sentimentos até então desconhecidos. Esquentou-se com o calor do sol, regelou-se com a frieza da neve e contemplou o céu forrado de estrelas até que tudo lhe pareceu familiar como se sempre tivesse feito parte dali.


Os ventos mudaram em uma noite particularmente sem luz, quando as vozes esquecidas ecoaram no fundo de seu coração cansado e ele desejou ter novamente as estrelas no chão embaixo dos seus pés. Sentiu a dolorosa ferroada de saudade de coisas que haviam sido soterradas pelo tempo e decidiu que era hora abandonar as estrelas acima de sua cabeça.


No dia de sua despedida, os que ficaram para trás disseram que ainda o veriam voltar. Ele não duvidou, pois sabia que agora que havia caminhado por aqueles dois mundos tão diferentes, jamais voltaria a pertencer a um só.

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